terça-feira, setembro 06, 2005

[Retrato] (não necessariamente pra Iaiá.)

Que a perna dele, suja e peluda, entrelaçava as coxas dela, não menos sujas, contudo menos peludas, isso eu via. Mas o cheiro de mijo e marginalidade que aquele enlace exalava, isso aí era coisa de se sentir.
Os ossos das costas pareciam querer furar a camisa amarela da mulher e fugir prá outro lugar - eram alvos demais prá suportar tanta imundície - mas uma mão de nós calejados e textura áspera os acariciava, como se dissesse que ficassem por ali mesmo, que era lugar conhecido há tempos, que era onde eles cabiam direito.
Havia olhos - se há contato eles sempre estão lá - e eles se encontravam. Dum brilho meio fosco, não admira que fossem cinza, dum reflexo de insanidade abandonada tempos atrás [ou horas, ou anos.]. E se as pupilas perdidas umas nas outras diziam algo, a cortina de sujeira que os separavam do resto do mundo não permitia distinguir o que era.
Se demoravam e se namoravam ali, em quarto se mquatro paredes, em cama de cobertor roto - e só o cobertor. E era como se calados e perdidos na desgraça um do outro se encontrassem, prá tornar a se perder do mundo que os cospe os rejeita porque eles não são limpos e decentes como convém.

Da sujeira que se encaixava como vingança e contestação involuntária. Do amor ou da conveniência - isso aí não me deixaram perceber. Dum casal abraçado no chão da praça. Disso tudo eu fiz um retrato.

domingo, setembro 04, 2005

Mais com ele, em mais ócio no msn.
Dessa vez a gente se resolveu pelos microcontos, e, manteve o limite de cinquenta caracteres por cada.
[É bem verdade que acho que ultrapassei algumas letrinhas em algum destes. Mas, ninguém morre por isso, né mesmo?]


Na espera
Cheiro bom fugia da cozinha
Fome escorre pelos olhos do tio

Bobalegre
Suor dor fome e... sorriso.
É que eu ando com felicite aguda.

Pedra no espelho
Pedante que é pedante
Disfarça o gosto por isso

Suicida
Corpo no chão e veneno do lado.
Será que não sabia que era pra rato?

Roedor
Vão se as unhas
Ficam os dedos

Fábula de quem não teve infância
U cuelu filiz tlavessava a lua
Veiu calu e fez plófff!
(...)

Some Viagra, Please (ou "Aquele do coelinho")
Vai ser bom, não foi, querida?

Fantasista
Viu o mar pela janela
Mergulhou...
Esqueceu da avenida

O vaso quebrou
É fato
Parnasianos
nunca comeram ninguém

Ah, a maternidade!
Acordou de madrugada com o choro do bebê.
(...)
- Maldita pílula de farinha.

Shit happens
- Enfim o porquê da exist...
Pá!
- Lugar de doutô num é no Rio

Verdade
Pior que explicar piada
É explicar micro-conto

Casas Pernambucanas
- Quem bate?
- É o frio...
E caiu de susto com a voz.

Saudosismo nerd
/compuserv set icq sound mode "on"

Infância anos 90
/msdos
/c:
/jogos
/supermario
/exe

Loser
De pequeno,
nunca peguei a Carmen Sandiego

Zóio prêto
Sangue do naíz
Láguima no zói
- Quem quié cupado?
- O zoto, mãe!

Perú no bum-bum (ou "Palhaço pedófilo")
Tudo começou com a bitoca no nariz.

E saiu pela porta a cantar
I know, it's only tchu-tchu-tchu
But I like it!



[E se eu disser que é a terceira vez que Don´t lie, do Black Eyed Peas roda por aqui, eu mereço uma pedra no meio da testa? Ainda acho que vale especificar que não, eu não me rebaixei ao ponto de baixar a mp3 dessa música. Na questão de manter um pouquinho de minha compostura, a rádio Terra tem me ajudado.]