Existe um ponto muito bem demarcado na minha vida, e ele faz um esforço constante em me sugar prá sua órbita. Às vezes eu me deixo ir, como quando a gente se deita em cima da água cansada de tanto nadar. Sempre tem algo, mesmo quando a água tampa os ouvidos e os olhos não conseguem ver ao redor, apenas em cima, sempre tem algo que nos acorda prá realidade antes de uma fatalidade desconhecida, e nos faz voltar à posição vertical e nadar até encontrar terra debaixo dos pés.
Depois que esse ponto se cravou em mim, eu já visitei os seus limites algumas vezes, sempre me convencendo de que aquela ali não era a borda verdadeira: sempre teria de haver um limite além, eu sempre devia estar mais distante que próxima de cruzar o limiar. Hoje eu percebi que talvez não haja uma fronteira prá adiante das marcações que avisto: a soleira é o próprio ponto, não existe mais o que cruzar.
Agora revisito uma casa inóspita, e preciso me esquivar dos olhos escuros e pedintes dos anfitriões.