Fevereiro é o mês de se esperar um messias profano, de barba comprida e batom mal passado, rindo da graça irônica que mora no alívio de se ser outra pessoa por algumas horas. É o mês de se render a todo o interdito, de desafiar a saúde e a sanidade, de achar a felicidade numa fantasia mal justificada, num bloquinho desafinando na rua.
Por 4 ou 5 dias, então, não importa, o jogo é o brinquedo de suspender o tempo, enfiando os relógios nos copos d'água e torcendo prá que eles não sejam à prova de nada. A alegria adiada de um ano inteiro vai ter que caber na sexta-sábado-domingo-segunda-terça, tornando a ser varrida pros cantos junto com os cacos de todos os outros 360 dias de cinzas.
Fevereiro já chegou. Agora só falta mesmo chegar o profeta bêbado, repetindo prá gente durante cinco dias aquela previsão linda das ciganas falsas: está tudo certo e você vai ser feliz.
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