Sempre há de restar um tanto de mundo em mim.
Dos talhos que levei na alma, dos sorrisos que fingi serem verdadeiros, das dissimulações - estas tantas - eu trago em mim as cicatrizes.
Restou muito de mundo em minhas mãos trêmulas, em meus olhos fundos que se arrastam sob dois negros buracos, em minha pele cinza que sente e nunca deixou de sentir quão pesado é o existir.
Ironias... ["Porque sou uma vida com alguma ironia furibunda."] O mundo que se tatua a cada dia em mim é o mesmo que me recusa, que em faz estrangeira em meio a luzes e carros e cidades e a elas - as tais pessoas.
N´algumas memórias, contudo, eu caibo, que o tempo é senhor destes jogos com as lacunas das lembranças, que tornam o ontem tão mais doce.
Eu me perco a atravessar o vão do passado, flutuando pelo que há de suspenso até encontrar-me comigo mesma, outra vez. É quando percebo que me reflexo no espelho das memórias não me pertence.
No agora, não mais.
[Mais de meio de Julho, lá da oficina em Diamantina, depois de um tanto de Herberto Helder e Al Berto.]
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