Difícil precisar quanto eu trouxe daquele horizonte agressivo e quanto de mim eu deixei naquelas pedras. Ás vezes acho que perdi a ganância pela razão num tombo numa escada de madeira, na perca do fôlego por aquelas ladeiras, num arrepio de frio que outros braços tentaram conter.
É que agora parece tanto haver uma falta de sentido onde tudo foi, um dia, ordem, que eu me sinto mais em casa, ainda sem pertencer a lugar algum.
Lembro-me de como me senti cabida no caos daquelas vozes um tanto desafinadas, nas danças que não seguiam tão harmoniosamente o compasso, cercada por paredes que não se punham paradas. Meu sorriso outrora tímido a se dar para amigos fugazes, cujos rostos eu nunca mais verei, as verdades pulando prá fora de minha boca e eu sem fazer esforço algum prá contê-las.
Nuns ombros talvez tão pesados quanto os meus eu reconheci mais que eu mesma: percebi que não havia porque ir em frente com minhas vãs dissimulações, se sobre mim se postavam uns olhos amigos - estes não fugazes - que talvez se deixassem confortar no caos tanto quanto eu.
Lá fora o dia se pintava em cor nenhuma senão branco, e antecedia a minha ressaca. Eu caminhava pelas pedras sem a mínima pressa de deixar prá trás a cidade [na verdade pus até os olhos fechados prá ver melhor a minha paisagem] e, no frio bom de dias de inverno recém-nascidos, eu me fiz criança de novo, a ver mais com o arrepio dos pêlos que com a obviedade redundante dos olhos.
Diamantina me foi, e eu quero que sempre me seja, muito.
[Arrisque-se, deixe-se acreditar, seja auto-ajuda e novela mexicana vez ou outra, que o torpor não dura tanto tempo.]
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