Fora da filosofia, estar vivo - sem corruptelas - é aceitar com simplicidade o alternar dos dias que você não pediu prá ver.
É possível ter a alegria de uma hora bem dormida depois do almoço ouvindo a Gal. É possível ter uma noite tão boa de domingo que chega a parecer sábado (os amigos em pé no meio da rua, máscara de carnaval e bandinhas. chuva, suor e cerveja).
Mas é difícil lidar com o contraste, com a possibilidade de um dia seguinte horrível que finalmente chega soprando obrigações e tristezas suaves e demoradas na nossa cara (é como se as coisas tivessem um pouquinho só fora do lugar, mas ainda assim tudo seria imensamente diferente, já disse alguém).
Viver é sair de casa às pressas e atrasado, carregando nos ombros uma bolsa cheia de roupas sujas, documentos, promessas, frustrações e pedaços da fantasia da noite passada.
Como é ridículo o brilho de purpurina nas segundas-feiras.
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