Lembro do ar sumindo e voltando prá mim, do chão se parecendo com uma pista de dança depois de muitas bebidas e muitas luzes doidas focando e desfocando meu rosto, minha visão. Todo o cenário a minha volta parecia menos importante, tudo o que as civilizações modernas - e antigas - já haviam erguido virou poeira na frente dos meus olhos. E eu queria espantar esse todo com um abanar rápido das mãos, com um espanar certeiro.
Lembro do medo que eu senti frente ao mundo novo que se abria prá mim, do pavor que eu senti por começar a finalmente ser feliz; do desespero que eu senti por me pensar, dali prá frente, infeliz.
'Vai durar'. 'Vai passar', me disseram.
As pessoas não erram em suas previsões, isso é verdade. Mas o que a gente faz até as profecias dos oráculos ordinários se concretizarem é o que nos transforma, cada dia um pouquinho mais, em heróis da experiência.