terça-feira, janeiro 18, 2005

Um mar de pessoas que vão de encontro às outras sem, contudo, se olharem nos olhos.
Pessoas que caminham como se à sua frente não existisse nada. Porque ignorar o que é tão óbvio e fingir que a única coisa digna de atenção é o seu pequeno e insignificante universo?
Barulho. Música feita por carros, por passos, por anúncios repetitivos. Mas o que realmente se quer dizer é calado pelas conveniências. Pela estimável capacidade de discernir o que "cabe" e o que "não cabe".
Calor... e os passos parecem inúteis dado o tamanho da distância que te separa de onde você realmente quer chegar. E a confusão mental, é consequência desse sol que insiste em queimar sua cabeça? Ou essa existiria ainda que você estivesse sob a melhor sombra que se possa imaginar?
É difícil dizer.
De um dos vários carros vem uma buzina forte. Porque não te ignorar, como fazem os pedestres? Motivos óbvios. Custa reparar um carro; Atropelar alguém é ruim para o sono.
Os culpados são o calor e a longa caminhada, por pensamentos tão estúpidos e desconexos?
Novamente, difícil dizer.

E o fato de que sua caminhada agora se dá na frente de um Conservatório seria ignorado, não fosse a música vinda desse local. Música, diferente da ouvida anteriormente. Diferente da música das ruas. Música capaz de fazer de você aquele que ignora qualquer coisa que passe a sua frente. Música que te tira de seu isignificante e desconfortável universo. Por poucos segundos.
"Música... música. Eu devia ter feito música."

Pronto.
Calor, gente, barulho, desconforto, cansaço, medo... tudo se escancara de novo aos seus olhos, e em um segundo você já está afogado em seus conflitantes pensamentos.

Tomara que não falte muito pra, finalmente, se chegar em casa.