sexta-feira, julho 01, 2005

Karaokê

Lara diz:
Joga
Lara diz:
é uma música fudida. linda.

Ná diz:
é
Ná diz:
tem uma q aqui em casa chama oxygen
mas ela nao existe
Ná diz:
e nao é em ingles...
deve ser sem sigur rosrês
Ná diz:
eu nun consigo achar a letra nem o nome de verdade

Lara diz:
eu acho que ce já me falou dela...
Lara diz:
ahhhh
é do cd novo eu acho ná
que é feito só com barulinhos de boca
não?

Ná diz:
nao
é velha

Lara diz:
huuum então não sei

Ná diz:
nun dá pra entender meia palavra
Ná diz:
crac crac etiri faber and aim onior fim
Ná diz:
ahuuhauahuha

Lara diz:
ahahahahaha
Lara diz:
ahahhahahahaha

Ná diz:
isso q eu escutei

Lara diz:
estilo solange do bbb

Ná diz:
é
Ná diz:
auhauhauha
Ná diz:
ié dian mi
Ná diz:
ae ao ao aoa aê ah!
Ná diz:
auhauhauhauh

Lara diz:
ahhahaha vo cantar sigurrozes
Lara diz:
começando com a preferida
Lara diz:
starálfur!

Ná diz:
huauhauha
Ná diz:
vai lá

Lara diz:
blaunooor tieer
Lara diz:
iii niii niii
Lara diz:
blauuunooor tieer gieeenn
Lara diz:
ooorrooo tinklen klan
Lara diz:
min men raaantom
Lara diz:
fallldar in terken...
Lara diz:
[:~]
Lara diz:
ukson daien nem
Lara diz:
i daaaaaaaauooo rikai
Lara diz:
lindo vei. :~

Ná diz:
gosto da parte
Ná diz:
ó rléruraní
Ná diz:
ó rléruraní
Ná diz:
ó rléruranííííí á
Ná diz:
ó rleruabarca fai sindinrizan

Lara diz:
hauaehuaehehaehue

Ná diz:
hauhauha

Lara diz:
é tão bonito... :~


________________________________________

E eu garanto que se, por ventura, algum desocupado tentar acompanhar a letra da música a partir de nossas interpretações, vai ver que estávamos certíssimas.
De qualquer forma, fica a dica. [Tentando fazer o post não parecer tão besta]Sigur Rós e Bjork são coisas muito boas de se ouvir. Entender a letra não é, definitivamente, o principal.

segunda-feira, junho 27, 2005

O abrir e fechar mecânico das portas, repetido há mais de 20 anos, hoje a fez pensar em algo. Após o girar da maçaneta e o empurrão da porta, surgia uma mulher.
Era "tão bonita de se de admirar". Tinha seus olhos, suas mãos, e o jeito de sorrir que há exatamente 20 anos atrás ela costumava usar. Instigava como podiam se parecer tanto e se conhecer tão pouco.
Se esforçasse a memória que o tempo já vinha querendo afetar mais bruscamente, poderia voltar para a época em que sorria como essa mulher que surgia da porta o faz, e se lembrar de um bebê, com aqueles olhos que agora nem se preocupavam em passar por ela, pousado em seus braços.
Com o abrir e fechar mecânico das portas, com o rodar dos ponteiros do relógio, com a sucessão dia-e-noite, noite-e-dia, a sua criança cresceu. Antes tão frágil, agora já parecia tão auto-suficiente que seria vergonhoso chegar até ela e perguntar se estava tudo bem.
Era sua filha antes de tudo, mas eram estranhas para si próprias, e isso era gritante. Quantas vezes já teria essa sua criança chorado o medo do escuro, à noite, e quantas vezes sua moça já teria chorado o medo de enfrentar as pessoas, o mundo?
Ela não sabia dizer. Sabia contar quantas eram as suas despesas no colégio, qual era o horário de sua aula de inglês, quanto havia custado sua última viagem com aquele rapaz - qual era o nome mesmo? - que ela chamava de namorado. Mas o que de fato acontecia no interior daquela pessoa, isso ela não sabia dizer.
Tentou chegar perto e tocar seu ombro, mas sem perceber, sua filha se esquivou para o outro lado para buscar sua bolsa deixada sobre a mesa, e com a naturalidade de quem está sozinha em casa, chegou até a porta e ganhou a rua.
"Eu também não saberia o que dizer, de qualquer forma.", pensou.
Ainda cogitou entrar no quarto da garota e tentar descobrir quando é que ela havia se tornado tão mulher, e onde é que se escondia o abismo que as separavam. Mas os objetos pareciam por demais inanimados, logo incapazes de contar alguma coisa.
Ao virar-se para sair do quarto, encontrou-se com seu reflexo no espelho. Tocou o canto externo dos olhos e percebeu que a pele ali se enrugava sutilmente. Os cabelos também já possuíam uns fios brancos. Ficou alguns minutos a examinar seu rosto, e percebeu que talvez já fosse tarde demais.
Então, com a sensação de quem perde sem ter lutado, apagou a luz e deixou o quarto.


[Sabe o clipe, Kriptonita, do Ludov. Eu acho uma graça. Pensei nele e fiz esse negócio.]