sexta-feira, novembro 25, 2005

Há um certo tempo, eu não saberia precisar quanto, eu tento me esconder da minha mediocridade. Ponho nos olhos uma venda feita de orgulho besta e cubro o corpo com ilusões.
Mas ontem, a maldita me encarou. Sentou-se na minha frente na mesa do bar, bebeu cerveja no meu copo, enfiou o dedo na minha cara, apontou as não-saídas dos becos.
Mais cruel que um espelho, ela me refletiu, destituída das mentiras nas quais eu me apoiei prá esquivar-me dela. E aí, todas as desculpas e justificativas não tinham mais serventia alguma prá mim.
Ela me disse que agora, e sempre, seríamos eu e ela e ela e eu, e que eu não tentasse não; escape não haveria nunca.
Eu entendi, entendi sim. E dei uma olhada ao meu redor prá perceber que todos viviam felizes na sua vileza, sorrindo simpatias fingidas, almejando a calça mais cara da vitrine da esquina.
"Pois bem. Se eles podem, porque não eu?", foi o que eu pensei.
Então foi só erguer o copo e brindar com minha amiga de tantos anos [passados e futuros] a felicidade de plástico que eu ainda hei de viver.


[Ouvindo Travis - Love you anyways.]

PS: Estou de férias. U-au.

domingo, novembro 20, 2005

Presentes de natal, filme, vergonha alheia. Enfim, coisas de domingo. [Não, missa não tem não.]



Velvet Goldmine é o tipo de filme que todo mundo vê e gosta mais pelas referências contidas na história do que pela produção do filme em si. Pelo menos foi essa a impressão que eu tive depois das duas horas e pouquinho de trilha sonora boa e sotaque britânico que eu assisti hoje.
Tá que isso que eu disse pode ficar meio confuso prá quem não sabe bem qual é o contexto do filme. Basicamente, é a história da cena glam rock na inglaterra, lá pelos anos 70, contada, porém, com personagens fictícios escancaradamente inspirados em ícones reais da época. A foto em questão não deixa tão claro, mas, o rapazinho da esquerda, no filme é Brian Slade. Contudo, se você o vir com o cabelo azul e jaqueta prateada, põe sua mãe [é, a mãe mesmo] no fogo se ele não é o David Bowie. E o junkzinho da direita, interpretado pelo Ewan McGregor, é Curt Wild no filme. Mas desde o momento em que ele entra em cena, de calça de couro preta agarradinha, lápis nos olhos e as costas encurvadas prá frente, você percebe que ele é Iggy Pop.
Basicamente os dois tem um caso, se drogam, fazem sucesso e protagonizam cenas absurdamente constrangedoras. Eu não minto se digo que enfiei a cara no travesseiro quando vi os dois rodando, cantando Sattelite of Love do Lou Reed com o olhar apaixonado um no outro, entre luzes coloridinhas.
Enfim. Velvet Goldmine é um filme interessante na medida em que traduz para o cinema a cena musical de algumas décadas atrás. [Por sinal, a década que abre o livro Mate-me por favor, se não me engano.] Mas, como produção artística mesmo, eu acho que deixa muito a desejar.


Ah, sim. O presente de natal.

[Eu sei, papai noel, que eu não fui lá a melhor garota do mundo durante esse ano. Eu sei até que cometi umas burradas que, poxa vida, né. Acontece que, por elas, eu mesma fiz questão de me punir. E você sabe que eu sou minha melhor carrasca né?
Pois então. Tenho as minhas dívidas sanadas. Não custa atender o meu pedido.
Traz prá mim, o Ewan McGregor vestido de Iggy Pop [sem as viadagens, óbvio.] no dia 24 que eu prometo, juro, que ano que vem vou ser boa menina.
Fechou?
]