quinta-feira, julho 22, 2004

"...Yeah, I'm going nowhere
Don't look so scared
I'm going nowhere...
"

[The Cure - Going Nowhere]

Então, vou ficar uns dias longe disso aqui. [Esse papo é velho hein...]
Descobri hoje, que ás cinco da madrugada vou pra Belo Horizonte. E depois de alguns dias vou pra minha cidade natal. Uma tal de Arcos, que não me traz lembrança alguma.  Talvez pelo fato de que ser filho de bancário não seja muito diferente do que ser filho de cigano... Não que isso seja algo ruim. E não que isso venha ao caso.
O que eu vou fazer por esses cantos eu também não sei. Deve ser morrer de frio, a julgar pelo que tá fazendo aqui em Ipatinga.
Mas ainda assim, eu volto dia desses.
Então, boa viagem pra mim, e bom resto de férias pra quem as tem.
Inté, pessoas!

 



quarta-feira, julho 21, 2004

Cadê a venda? Traz aí criatura.
Pronto... agora amarra bem forte. Bem forte! Pode apertar praga! Isso...
Agora o tampão pro ouvido. Pode ser esse ae de pião da usina sim.
Aí. Acho que tá bem colocado.

(...)

Agora sim.
Juro que não vou reclamar dessa vez.


domingo, julho 18, 2004

Esse texto aí já é bem velhinho. Mais de meses.
Mas é o tal esquema das férias... não dá pra pensar em algo postável não.
A diferença desse aí pra outros já postados é que não foi escrito na aula. Esse foi feito aqui no computador mesmo. Provavelmente num sábado tedioso, ou algo do tipo.
Ah sim, esse também é daqueles grandes, que ninguém tem paciência de ler.
 
Então ela olhou pra seu reflexo no espelho. Mirou o fundo de seus olhos, e convencida repetiu para si mesma: Eu vou.
Ao dizer as duas palavras mais pesadas de sua vida ela mesmo não se acreditou. Era difícil, ela sabia. Muitas amarras a prendiam na atual situação. Sabia que dizer "eu vou" e querer muito faze-lo não era o bastante.
Havia uma família a quem ela era subordinada. E havia uma família que talvez sentiria falta dela.
Pessoas poderiam notar sua ausência. E poderia ela também querer voltar.
Havia uma casa que seria deixada pra trás, havia responsabilidades que tomariam o lugar das que seriam deixadas junto com sua decisão.
Agora ela já compreendia que não era tão simples. Quase já não enxergava seu reflexo quando passou pela sua cabeça a frase "talvez eu não vá".
Quando sua imagem no espelho já se tornava quase um borrão, ela pensou outra vez. Se dizem que o maior limite de um ser humano é sua mente, haveria ela de ir longe. Quem sabe talvez ela não tivesse limites... quem sabe talvez ela pudesse ser, e fazer o que desejasse...
Queria ela que as coisas seguissem o curso apontado pelas frases feitas, que bocas menos experientes são as primeiras a proferir.
Não era tão simples assim. Quem dera fosse.
O desejo de expansão tomava a cabeça da garota que outrora era uma menina sem maiores pretensões. Romper com os limites que a cercam, levar outra vida sem tantas limitações, sem ter de se submeter à tão temida rotina. Passar horas conversando com pessoas, passar horas observando pessoas, passar horas conversando com si mesma e ainda assim não conseguir se entender. Ficar acordada durante a noite, e dormir durante o dia. Se divertir irracional e injustificavelmente, e em seguida se perder tentando achar explicações pra todas as coisas.
Era esse seu plano de vida. Crescer, ser mais do que apenas um rosto ordinário em meio a toda a multidão. Não se entregar à mediocridade sem lutar. Fazer a diferença, não para todos, mas pelo menos para alguém. Fazer a diferença pra si mesma. Ter a certeza de que não era igual a todos.
E "eu vou" era o que ela repetia novamente. Pra onde exatamente ela não sabia. Só não podia continuar ali.
Lutou contra a primeira lágrima que escorreu de seus olhos ao pensar que nunca mais veria seu reflexo naquele espelho. Quis pensar que era tudo necessário, e que aquilo ali lhe faria sim uma falta, mas falta essa que seria extremamente contornável.
"Eu vou".
Juntou em uma mochila tudo aquilo que não poderia ser deixado: Sua singularidade que ainda não conhecia, sua vontade de crescer, seu desejo de expansão, e sua mente que ela lutava pra manter aberta, ainda que toda a sociedade e seus costumes lutassem para fazer o contrário.
Mochila nas costas, coragem e frieza na alma, ela se olhou pela última vez no espelho. Não gostou do que viu, mas isso não importava, porque ela nunca havia gostado mesmo.
Mais uma vez ela repetiu, porque achou necessário. "Eu vou", disse ela.
E então foi de encontro ao desconhecido.

 
 
Ouvindo: Basement Jaxx - Hot N Cold
[Coisa dançante, meu Deus!]