segunda-feira, dezembro 15, 2008

do fim de ano.

Você passa o ano inteiro de um lado para outro, a cabeça afundada em tudo menos no travesseiro, suas pernas inquietando o desconforto de não entender as pessoas e essa vontade estúpida que elas ostentam de ter e ser tudo ao mesmo tempo.
Você passa o ano inteiro frustrado por não compreender a engenharia que movimenta as existências, até perceber que você, inevitavelmente, agora faz parte deste mecanismo estranho e sem sentido.
O tempo todo você cumpre a sua rotina, automatiza suas funções, tem tempo regrado até para os pequenos escapes programados para o fim das semanas, o tempo todo você já não sabe mais qual é a sua função dentro do todo.
Ao fim você pensa que já está desfeito de todos os seus motivos e razões, ao fim de um ano você quer só desistir do próximo.

Mas então, quando você, em algum ponto, se pôs preso dentro de um apartamento vazio e lá fora chove daquele jeito triste como só quando se está sozinho em dezembro, então você lembra que há o fim de ano prá que você não perca o sentimento de ser pequeno e aguardar com esperança pelo que você já conhece, ser pequeno e ter voracidade prá abrir o papel de um presente que em algum tempo irá quebrar, ser pequeno e simplesmente sorrir, porque as coisas devem ter um motivo que você desconhece para serem boas.


...Let the seasons begin - it rolls right on...