segunda-feira, abril 16, 2007

Shakedown 1979,

e aquela vontade agridoce - porque nostalgia é infalivelmente doceamarga - de fechar os olhos numa gargalhada e fitar a rua do alto dos fios dum poste que se acendia anos atrás.

Aquele desejo frustrado - porque nostalgia fere branda na falta de expectativa - de me agarrar aos ponteiros do relógio até que eles se rendam e eu consiga corrigir todo o tempo que nos faltou prá consolidar nosso passado como o bastante - crianças legais não precisam de futuro.

E essa minha amargura... eu que jamais pensei duas vezes antes de arrancar do corpo os meus conceitos para jogá-los amarrotados no armário, contando que vocês me esperassem na esquina seguinte com garrafas e risos suficientes para todos nós.

Não sabíamos, e por mais que passe tempo, eu ainda não sei o que será dos nossos ossos. Talvez o pó... Hoje o grito das ruas me assusta e eu já não me atrevo a galgar a eletricidade dos fios.
[Eu paro. Por essa hora as lembranças já me cortam demais.]

Abro os olhos e, veja você: não há ninguém por perto.
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[Talvez eu devesse me preocupar em fazer algo que se bastasse sozinho. Mas eu não tenho conseguido pensar em passado e nostalgia sem que o 'bom bom borom bom-bom borom bom bom' de 1979 me venha à cabeça. Quase uma ode, então, daquelas que envergonham o objeto de homenagem por serem assim, tão menores. Mas eu costumo não ser pretensiosa, e não me arriscaria jamais em dizer que qualquer coisa que eu cuspa, ou qualquer coisa que eu me esforce em fazer parecer digna, está a altura disso: http://www.youtube.com/watch?v=fZ2osNmKvNc.]