sábado, julho 30, 2005



Apesar de o cinema em Ipatinga só ter disponibilizado versões dubladas do filme, eu vi hoje, e achei fantástico. [Não conseguiria achar trocadilho mais infame.].
Eu costumo gostar bastante do Johnny Depp, mas nessa nova versão de A Fantástica Fábrica de Chocolates ele tá um absurdo. Consegue ser peculiar e expressivo sem ficar caricato, ou ridículo. E até os atores mirins, que costumam causar vergonha alheia, cumprem seu papel direitinho. Alguns chegam até a serem simpáticos, acredita? Juro.
É fato que a versão dublada do filme prejudica sem medida, mas as caras do[s] Oompa Loompa, as dancinhas, os cenários, a cena na qual é feita uma [grande] menção ao 2001 - Uma Odisséia no Espaço e toda a ironia que faz refletir se aquilo ali é realmente um filme pra crianças, fazem valer a pena o esforço de escutar aquelas vozes já conhecidas do Sessão da Tarde.
E, quanto às comparações com a versão original, é óbvio que a tendência de quem cresceu assistindo às infinitas reprises desse filme no Sbt, seja preferir o antigo, por uma questão até mesmo sentimental e tudo. Mas eu não diria que a versão atual deixa a desejar. Não mesmo, de forma alguma.
Se ter conseguido me empolgar é uma carcterística boa num filme, eu diria que recomendo este sem dúvidas.

[Ouvindo Pois é / Dois Barcos, do cd novo do Los Hermanos. Por enquanto esse tal Quatro tá muito bom.]

quarta-feira, julho 27, 2005

"Envolvia-a com os meus braços, beijei-a e chorei pelo meu pai e por todos os pais e todos os filhos também, por estarem vivos em tempos como aqueles, por mim, (...) não havia escolha, eu tinha que conseguir."


[Pose de fotologger, ok.]

Eu acho que simples e intenso do jeito que tá aí, eu não preciso dizer que é John Fante. O personagem não se chama Arturo Bandini dessa vez, mas há ranço e rastro dele por tudo o que é parte de 1933 foi um ano ruim.
E, ler esse maldito, pra mim é um prazer que eu fico a adiar como a Clarice Lispector [outra escritora das fodas, que me faz sentir um misto de ódio e admiração a cada virada de página] descreve naquele conto, Felicidade Clandestina. Eu fico passeando com o livro pela casa, parando as minhas horas pra viver as dos personagens, rindo aquele riso irônico com metade da boca, pensando que não é possível que eu me veja refletida tão claramente em uma história que não é a minha.
Assusta e cativa na mesma medida. Vai direto ao ponto, mas de forma maldosamente branda pra que eu só veja o estrago depois de fechar o livro.

Diabo sô. O sujeito esfrega as minhas fraquezas na minha cara sem nem saber quem eu sou e eu ainda assim gosto dele. Coisa de doido, só pode.
Mas, então. Por via das dúvidas, devem haver uns perdidos atoas pedindo pra levar uns tapas na cara por aí.
Fecha essa janelinha escura então e vai atrás das coisas desse "Carcamano" que é todo contradição logo.
É muito mais negócio que tentar caçar algo que valha a pena por aqui. Sabe como, assunto anda faltando.

[Ouvindo Neil Young - Cortez The Killer]