sábado, março 04, 2006

cinco e trintêquatro.

Quando eu olho distraída pela janela e encho os olhos com um céu desses, eu penso que dormir antes do dia ficar claro é besteira.
É besteira, que esse azul claro a se misturar com o laranja dumas nuvens fracas - prestes a tomar corpo com o passar das horas - é presente até pra mais amarga das almas.
É besteira, que sentir o frio de dia novo entrando pela janela e ouvir o silêncio de ruas ainda virgens, é o suficiente pra despertar em mim a vontade de me esvair pela greta das grades desse quarto, e ir tocar o chão fresco do lá-fora.
Talvez eu toparia comigo mesma subindo distraída morros, fazendo sinais prá ônibus, deixando cair as modedinhas da passagem. Talvez esbarrasse com uma Lara a voltar cambaleante prá casa, as sandálias na mão e o cabelo desgrenhado, um sorriso antecedendo a ressaca do dia seguinte. Talvez eu andasse errante por entre caminhos que desconheço, o dedo procurando uma campainha pra tocar, "é cedo, ainda" a martelar a consciência, pés refazendo o caminho prá casa.
Na verdade, só um texto, um dia já azul, a cama aqui do lado.

Boa noite.