sábado, abril 16, 2005

Só hoje eu fui perceber que a capacidade da Rede Globo de usufruir das modinhas [ou hype´s pros "mudernos"] enquanto elas ainda são atuais é nula.
Quando o filme* que eu assistia terminou, fui tomada por uma preguiça que me impediu de levantar do sofá. Daí eu acabei ficando por lá mesmo, e me deparei com o Caldeirão do Huck Especial - Anos 80, com direito a dançarinas, Sidney Magal, decoração de Playmobil, Genius e outras coisas que eram consideradas bacanas há mais ou menos... um ano atrás.
Sinceramente: ¬¬.
Até eu que sou mais boba sei que esse culto aos ícones oitentistas já deu no que tinha que dar, encheu o saco de todo mundo, e hoje em dia só agrada mesmo à Gretchen e à Rosana, que conseguem dar uma escapadinha do ostracismo através dele.
Mas, bah.
Do que eu estou reclamando... No intervalo do programa eu pude assistir a chamada pra um filme do Chuck Norris, em que ele era "O defensor da floresta" e se transformava em um urso [!] no trailler.
Pensando bem, um "especial-wannabe-bacana" como o de hoje de certa forma até supera os padrões de entretenimento globais.

[*O filme em questão era Adeus, Lenin!. Interessante e original. Altamente recomendável.]

terça-feira, abril 12, 2005

Tinha seis anos quando descobriram. Foi numa visita casual ao médico, dessas que as mães mais neuróticas sempre insistem em levar seus filhos. Era míope, precisava de óculos.
Num primeiro momento, ficou se imaginando com os benditos dois olhos artificiais, que provavelmente lhe renderiam aquele, tão famigerado quanto odioso, apelido na escola. Seus olhos grandes e pretos, que sua Tia gorda [ele não a distinguia das outras – tinham todas a mesma cara grande e rosa] gostava de chamar de “jaboticabinhas” ficariam escondidos atrás de um bendito par de lentes.
Voltou pra casa pensando ainda em como ficaria feioso de óculos. A garotinha loira de sua sala, que já andava meio indiferente às suas investidas [que incluíam balas oferecidas durante o recreio e uma paçoca dividida entre os dois – a parte maior pra ele, e a menor pra ela, que não queria engordar] agora com certeza o desprezaria.
Quando se esgotou de pensar no prejuízo estético que o uso dos óculos acarretaria, outra questão o incomodou: “Mas que diabos há de errado com minha visão?”
Seria possível que o mundo não era realmente assim, como ele o via há seis anos?

Mas era tudo tão... bonito!

Gostava do verde homogêneo das folhas das árvores e do papel amarelo com um borrão marrom no meio, que embalava as balas Chita.
Era fato que às vezes a letra da Tia da escola parecia um pouco tremida no quadro. Mas decerto era ela quem não tinha boa caligrafia.
E pensando em outras questões até o dia em que o tal óculos ficou pronto. Veio numa caixinha preta com o logotipo fajuto da ótica do bairro estampado em cima. Não era feio de todo. Lentes redondinhas, armação transparente contornada na parte interior por um arame azul marinho. Logo se via que era um modelo popular.
Sem muita cerimônia, tirou o causador de seus tormentos da caixinha e colocou-o no rosto. Caminhou até o espelho, sem poder ignorar o estranhamento que aquela nova visão causava em si mesmo. Ao se ver não teve muita surpresa.
As jaboticabinhas de sua Tia gorda estavam realmente apagadas atrás das lentes. Também não se encontrava ele atraente o bastante para a menininha loira e “quatro-olhos” seria, definitivamente, seu apelido dali em diante.
Contudo sentia-se muito estranho para importar-se com estes probleminhas. Não gostava de não mais ver como via antes.
Munido de sua nova forma de ver as coisas, foi pra aula. Ao chegar em sua escola, a decepção foi maior. As balas Chita estampavam uma macaca horrorosa no centro de sua embalagem, a garotinha loira nem era assim, tão bonita, a letra de sua professora era perfeita [como era de se esperar de qualquer professora de primário], e todos os rostos tinham contornos perfeitamente distinguíveis.

Era tudo nítido demais.

Sentiu de imediato que, com aquele modo de enxergar, não se acostumaria nunca.
Esperou, então, impacientemente a hora do recreio [era quarta – dia de futebol] e foi direto para o campinho quando o sinal tocou. Ao ouvir seu nome ser chamado na escalação de um dos times, não hesitou: Tirou os óculos do rosto, arremessou-os pra cima e correu para sua posição no campo.
“De uma forma ou de outra ele quebraria mesmo...” justificou para si mesmo, enquanto observava a garotinha loira que, sentada na arquibancada, era a menina mais linda que seus olhos míopes já haviam visto.


[Tá certo. É grande, cês tem preguiça. Bah.]

domingo, abril 10, 2005

Não há embriagues, nem alguns bons momentos que supram vocês.
Nostalgia, forever.

Se passa? Eu não quero que passe. Eu quero que volte. Eu quero todos, vocês, aqui.
De-vera.


[E quem entende, entende. E quem não entende não tem a mensagem direcionada pra seu próprio umbigo.]