sábado, julho 09, 2005

Aquele com o assunto mencionado ali embaixo.
[Poxa, que vontade de assistir Friends.]


Então. Quinta Feira à noite e eu pulando de um canal pro outro da Tê-vê. Daí dou de cara com a Tia Hebe Camargo e, antes de me dar a oportunidade de divagar sobre os motivos pelos quais ela ainda não morreu, ou saiu da televisão, a velhota loira começa a falar mais uma vez do caso Suzane Von*insira aqui a continuação correta desse sobrenome estranho*, aquela mulher que matou os pais há pouco mais de um ano.
O fato é que a tal mocinha foi solta por falta de provas contra ela, se não me engano, e por isso, do alto de sua poltroninha de design modernóide, Hebe Camargo esbravejava que isso é um absurdo, pois uma pessoa com capacidade de matar os próprios pais por causa d´A DROGA, [com uma ênfase quase diabólica no "droga"] não é uma pessoa digna de conviver com a sociedade, e que daqui a pouco ela se juntaria a outro assassino, "aquele monstro do Guilherme de Pádua".
Pra quem não se lembra, Guilherme de Pádua é o infeliz que errou a mão e, ao invés de matar a Glória Perez [o que nos pouparia de aberrações televisivas como O Clone e América], deu tesouradas e tesouradas na filha desta, Daniela Perez.
Guilherme de Pádua é um assassino, isso ninguém nega. Contudo, o rapaz cumpriu toda sua pena, não tendo agora mais nenhuma dívida com a sociedade. É total direito de Guilherme transitar feliz e contente pelas ruas do Brasil, e se isso enche de medo dona Hebe Camargo e outras cabecinhas amarelas pesadas de laquê, que fofocam confortavelmente no topo da pirâmide social do país, o azar é todo delas.
Esse tipo de comentário, tanto em relação a Guilherme quanto em relação a Suzane, me faz concluir algumas coisas a respeito não só de Hebe Camargo como da maioria da elite brasileira: Eles só se despenteiam e ficam mordidinhos quando o assunto os atinge diretamente. Ora, Suzane, uma garota bonita, rica, culta, matou seus pais. E Guilherme matou uma garota linda, pura, atriz, um tipo que certamente também compartilha a vista privilegiada do topo da tal pirâmide.
As vítimas de Suzane poderiam ser Hebe Camargo e toda a trupe de amigos graciiinha que ela tem. E Daniela Perez poderia ser filha de algum destes.
Fica claro, onde eu quero chegar? Parece que só se manifestam por identificação, quando, da situação caótica em que se encontra o país, uma pedrinha escapa e vai trincar as caríssimas janelas que ornam suas casas.
Há outra coisa, também. É tão mais fácil discutir sobre pessoas, chamar de monstro alguém que cometeu um assassinato e proibí-la de fazer parte de sua sociedade. Analisar profundamente a questão, buscar causas que não sejam tão evidentes, investigar os fatos, exige raciocínio.
E pra isso, não há tempo.
Ou você pensa que é fácil manter aquele topete armado e amarelo por mais de um centenário?

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