segunda-feira, novembro 28, 2005

Então.
Amanhã é dia de entrar no ônibus com gente que eu ainda nem conheço e adormecer minha bunda com mais de quinze horas de viagem até amanhecer em Curitiba. Mas aí quarta feira não vai ter torcicolo nem bunda doendo nem fome nem qualquer outra menor necessidade fisiológica que me tire daquela Pedreira, que desgrude meus olhinhos do palco.
O Pearl Jam, sô. O Pearl Jam.
E quando eu voltar, conto como é que tudo foi maravilhoso.

Por enquanto mesmo, só uma daquelas besteiras riscadas na horizontal, ó:


[Sem título porque a ansiedade já me come.]

Chegou embriagado em casa. Era a terceira vez naquela semana. Contudo, pessoa para censurá-lo não havia; Morava e vivia sozinho.
Cambaleou da sala até o quarto, onde desfez-se dos sapatos. Sentado na cama, os olhos vermelhos e molhados passeavam pela paisagem urbana que a janela do sétimo andar deixava ver. Outros prédios, e mais cinza, e concreto.
Desistiu de caçar lógicar naquilo ali, também porque começara a sentir-se nauseado. Olhou pros pés e viu a mancha rosa que, na juventudade, durante poucos minutos fora seu câncer. Aquele que foi suspeita e consequente negação dos médicos em menos de uma hora. A lembrança enfureceu-lhe. Mas que desgraça, nem um cancerzinho de merda deixavam-lhe ter. Nada que fizesse-lhe pelo menos um pouco diferente.
Voltou os olhos para seu guarda roupa de mongo, três portas, três calças, três gravadas, duas camisas, um chinelo, três parcelas a serem pagas, que dançava na frente de seus olhos. E aquele quadro "deus-é-fiel" comprado no Um e Noventa e Nove também teimava em não aquietar-se.
O enjôo lhe ia crescendo, que era vileza demais que era sozinhês demais e pequenez nem se fala o futuro promissor onde é que ficara e as boas notas do colegial os amigos que um dia tivera e tudo atacava-lhe o rosto como faces que riem e dedos que apontam sentia faltar-lhe o ar até quando é que aguentaria até que...
De súbito, virou-se pro lado e vomitou a alma.

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