terça-feira, dezembro 27, 2005

[*Cronch* Senta que lá vem história.]

É fato que há um certo atraso nesse post de fim de ano, mas acontece que, não sei se por falta de tempo ou de ânimo, mas deixei passar o natal sem desejar, algo de bom prá quem quer que seja que visite isso aqui.
Então não vou desejar, porque isso soaria tão patético quanto luzes de natal na janela em pleno Março, ou Jingle Bells como toque de celular em Abril. [Juro que já ouvi falar de um cara que usava esse ringtone durante todo um ano.]
O que interessa é que três dias e poucas horas de 2005 é o que ainda me resta desse ano, e penso ser inevitável não tecer nenhuma reflexão a respeito desses dias que ficaram prá trás.

Talvez lembrar.
Que eu comecei sem saber onde ia terminar, como qualquer pessoa. Que, quando eu soube mais ou menos onde é que eu iria me enfiar, eu senti um medo tão grande que temi molhar as calças. Que eu percebi que escrever leads e apurar matérias não era bem o que eu queria prá mim, e tentei - ainda tento* - dar jeito nisso. Que amarguei dias de "eu-queria-que-fosse-como-antes", encharcando travesseiros e estranhando quando me pegavam pela mão - ora essa, eram mãos diferentes, viu!
Que aprendi a andar em ruas estranhas e a desconfiar da cara de qualquer pessoa que não tivesse asas nas costas, ou auréolas sob as cabeças [apesar de que, não me engano, houve horas em que até estes eu olhei de solsaio e medi de cima a baixo].
Talvez sorrir.
Que eu vi meu rosto queimar de vergonha, engoli palavras e senti a saudade me cortar o peito, como se eu parisse ou arrumasse o quarto de meu filho morto umas trinta vezes por dia, mas percebi que tudo isso me valeu de alguma coisa, já que eu ainda prefiro olhar pro chão, mas se preciso sei olhar na altura dos teus olhos. [Acho que chamam a isso de confiança, mas não é certeza]. Que eu conheci John Fante e Clarice Lispector e quis, finalmente, ser alguma coisa da minha vida - não que eu realmente vá, não que eu tenha o cacife; é apenas querer. Que agora eu não só estendo as mãos àquelas palmas outrora estranhas, como consigo me apoiar nas antigas conhecidas. Que eu realizei, talvez pela primeira vez em minha vida, um sonho guardado há anos, e senti e o meu peito quase se arrebentar de tanta felicidade. Pearl Jam.
Talvez concluir.
Que projetos de ano novo são besteira, e que o ano que virá me baterá numa face e beijará a outra logo depois, como todos os anteriores. Que o que importa, sobretudo, é o que se carrega de tudo o que se viveu, ou de tudo que te deixaram viver.

Porém, só prá não perder o costume: Ô 2006, cê dê um jeito de ser bom viu, marmota.
E não só prá mim, é claro. :)


[The Verve - Bittersweet Simphony]

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*Quanto a ainda tentar... Nove, dez, onze e doze de Janeiro são as minhas provas de vestibular. Letras na UFMG, amiguinhos. Se der certo, vai dar certo. Vocês torçam, que eu vou sumir daqui e tentar enfiar história na minha cabeça nos próximos dias.
Até!

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